No More Takes: As imagens do cérebo e Neuroética

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

As imagens do cérebo e Neuroética

Quão plástico é o nosso cérebro? Será que as novas técnicas de imagiologia cerebral vão contribuir para detectar precocemente doenças neurológicas, como por exemplo, a esquizofrenia? É possível melhorar os nossos desempenhos em múltiplas tarefas cognitivas através de um treino mental adequado? Até que ponto o nosso auto-conceito é alterado por informações sobre os nossos estados mentais? Estas foram algumas das questões colocadas no final da conferência proferida pela Drª Judy Illes, que se realizou dia 2 na Gulbenkian ao final da tarde. A conferência serve de aperitivo ao Colóquio Internacional - A Imagem na Ciência e na Arte -, organizado pelo Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa que decorrerá entre 17 e 19 de Fevereiro.
O auditório 2 estava cheio para ouvir a convidada canadiana. Afinal de contas, não é todos os dias que temos à nossa frente a directora do Programa de Neuroética no Stanford Center for Biomedical Ethics. 
A palestra foi estruturada sobre dois pilares que sustentam as investigação de Illes: a possibilidade de identificar assinaturas neurológicas do eu através de técnicas de imagiologia cerebral e as implicações e desafios éticos que a neurociência coloca à humanidade. Com o advento de novas técnicas - tomografia de emissão de positrões ou imagens funcionais por ressonância magnética -, que nos permitem visualizar a actividade cerebral durante o desempenho de uma determinada tarefa, emerge um conjunto significativo de informações sobre o funcionamento dos processos mentais básicos, as fases de doenças neurológicas ou os mecanismos de tomada de decisões.A grande questão é a passagem da escala laboratorial para a colectiva. Embora, temas como criação de perfis neurológicos e brainomes - à semelhança da descodificação do genoma, mas neste caso cerebral - tivessem sido aflorados, Judes Illes assumiu que as investigações devem focar-se na procura de dados que contribuam para o alívio do sofrimento de pacientes colhidos por enfermidades. Tão assim é que a investigadora enquadra as evidências científicas em dois níveis de certeza: incerteza relativa e a incerteza total. Isto porque o cérebro é um orgão dinâmico que assimila e acomoda as informações do ambiente. Apesar dessas cautelas epistemológicas, a metas científicas são claras: mapear o funcionamento cerebral e, se possível, endereçar esse mapa para cada indivíduo.

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