No More Takes: janeiro 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quiz IV - Que bomba gostaria de ver publicada no Wikileaks?



O Quiz desta semana atrasou-se umas horas, que certamente não prejudicarão o regular funcionamento da votação. Ao fim ao cabo, nestas paragens dispensamos o cartão único. 
O 4º Quiz é dedicado a todos aqueles que acharam as revelações da Wikileaks pouco influentes para o panorama nacional. Vejamos as bombásticas opções em votação:


1. Ágata ultima o regresso às lides musicais com o álbum intitulado "Crise, a quanto obrigas!"


2. Fernando Nobre vai candidatar-se à presidência do Sporting, porque melhor do que um tiro na cabeça, só dois tiros na chacimónia.


3. José Manuel Coelho é fruto do cruzamento de Alberto João Jardim com Mussolini.


Há uma novidade digna de resgisto. Se estiver indeciso, pode escolher mais do que uma opção. 
As urnas virtuais fecham daqui a uma semana. 

Quiz III - Se o BPN não for privatizado o que fazer aos balcões espalhados pelo país?
















Afinal, quais foram os resultados do 3º Quiz? Recordemos a pergunta: se o BPN não for privatizado o que fazer aos balcões espalhados pelo país? 
Digo de antemão que as escolhas polarizaram-se. Vejamos então.
Não há dúvida que uma votação de 60% para a opção 3 - Guarnecer com álcool, meninas em trapos minúsculos e som dos Ena Pá e esperar que incube um novo Maxime - só pode significar uma coisa: o pessoal quer é p$#%#&+! e vinho verde. Para a explicação deste resultado, não descarto um ligeiro efeito nostalgia provocado pelo encerramento da famosa casa lisboeta. Reitero, ligeiro.
Os 40% amealhados na opção 1 - transformá-los em agradáveis coffee-shops - deixam uma questão em aberto: mas afinal, quem é que prefere um café com um cheiro adocicado no ar, em vez de um regabofe bem passado, possibilitado pela opção 3? Abram alas para os estereótipos: uma plataforma rastafári? Um movimento libertário da esquerda chique? Uma associação de cidadãos zeladores dos bons costumes, que num acto desesperado para travar o revivalismo/hedonista protagonizado pela 3ª opção, votou no menor dos dois males possíveis?
Por fim, a desilusão da noite. Claramente perdedora, a opção 2 - Criar uma rede de agências funerárias com o logo e cores semelhantes à Caixa, mas com o nome sugestivo de Caixão Geral de Defuntos - arrecadou um redondo zero. Uma valente sova! É caso para perguntar: onde está o vosso humor negro, minha gente (com sotaque brasileiro, pois então)?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors



O Mano a Mano desda semana fecha como começou, com The Chameleons. No ar, Less than Human, sexto tema do álbum Script of the Bridge (1983).

Faits divers: Eipple ou Ap-uhl?


Chegado ao trabalho, fui apanhado no meio de uma rixa sangrenta. O cenário é aterrador. Não há guerra mais suja à face da terra do que uma disputa sobre pronúncia de palavras. A troca de galhardetes é de uma intensidade tal que um esguicho de saliva sobrevoa vários metros até embater nos meus óculos. O fio incolor escorre lentamente pelas lentes abaixo até se fazer rio no chão. Com o corpo rente ao chão, alcanço o meu computador, esperançoso de encontrar uma voz que restabeleça a concórdia. Durante a busca que leva apenas uns segundos, os jorros de injúrias eternizam-se no ar antes de embaterem nos seus alvos. Até que se ouve isto

Jazz na Amadora




Os Recreios da Amadora recebem o 1.º Ciclo de Jazz da cidade. O evento decorrerá de 9 a 12 de Fevereiro.
O Ciclo é inaugurado dia 9, pelas 18H30, com uma exposição de design gráfico na qual estarão patentes as capas dos 33 números até agora publicados da revista jazz.pt.
Pouco depois, o contrabaixista Carlos Barretto sobe ao palco para um concerto que se espera intenso.
O resto do cardápio está aqui.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors



Para ver e ouvir, Gloves, a quarta faixa de Strange House (2007), álbum de estreia dos The Horrors.

Vésperas

Triângulo de Penrose

O final de Janeiro aproxima-se a passos largos. Ainda ontem, o planeta inteiro festejava a entrada num novo ano. No intervalo da trinca de um rissol, os meus olhos atentavam na alegria da Austrália transmitida por uma qualquer tv generalista. O anúncio da alegria que nos esperava em Portugal, ao fim das doze badaladas, deve ter aquecido a alma dos telespectadores.
Na verdade, as manifestações de regozijo público espantam-me. Quando uma multidão congrega de um objectivo comum, por mínimo que seja, a minha crença no sapiens sapiens pede licença para sair. Mas, não haja dúvida que um salgado sabe melhor quando se vê discursos optimistas regados a champagne. Ao fim ao cabo, sobrevivemos mais um ano.
Por mais arbitrário que seja o limite que determina o fim de um ciclo, o carousel do tempo faz-nos acreditar que a nova voltinha será melhor do que a anterior. Mesmo que o preço do bilhete seja mais caro.
Longe vai essa noite. E o rissol também.
Na última sexta-feira de Janeiro acordo cedo. Não há nada de especial nesse dia, excepto o facto de ser sexta-feira. Rebobino o filme da minha vida para encontrar uma sexta-feira em que o humor estivesse deprimido. Há fotogramas nublados, mas nenhum sinal peremptório de chuva forte. Sexta é dia de pulmões cheios de ar, queixo apontado para o futuro, mangas arregaçadas até às axilas. Se me observasse de fora no decorrer desse dia, pouco havia a registar de diferente. Deslocação até ao café com o jornal debaixo do braço, quinze minutos a pé até ao comboio, já na plataforma, hesitação nas leituras - acabar o capítulo do livro que tenho entre mãos ou rir-me com o Pulido Valente -, chegar à faculdade, para umas horas mais tarde partir para um part-time. O que não é observável para terceiros é o espírito de véspera que me move. Mas véspera de quê? Do fim-de-semana, dos passeios domingueiros, da peregrinação a Belém? Da poltrona rodeada de jornais, um portátil e uma chávena de café? Nada disso me parece suficiente para justificar o estado inebriante que sinto às sextas. Arrisco a hipótese de este efeito de véspera semanal cumprir o mesmo propósito do efeito de véspera anual, que é a passagem de ano: levar-nos a crer, por umas horas, na inevitabilidade do optimismo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

MONSTRA - Filmes de Animação passam por Lisboa


MONSTRA 2011
A MONSTRA estará em Portugal de 21 a 27 de Março no cinema São Jorge. Esta será a 10ª edição do Festival de Animação de Lisboa.
Em Fevereiro, o festival de animação organizado pelo Quai de la Batterie em parceria com a Universidade de Artois, estará em Arras, França. 
Segundo o sítio do festival, Fernando Galrito, director artístico da Monstra e Pedro Serrazina, realizador português de filmes de animação estarão presentes nesta temporada dias 18 e 19 de Fevereiro.
E o que se espera ver na MONSTRA em Lisboa? A resposta está aqui

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors



No ar Monkeyland, terceira faixa de Script of the Brigde. Estes eram os The Chameleons na primeira metade dos oitentas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors



Para ver e ouvir Draw Japan, terceira faixa de Strange House, o álbum de estreia dos britânicos The Horrors.

107.2 Megahertz ou Curto-circuito Mnésico

Em meados dos anos 90 era um jovem de cabelo rapado e patilhas insípidas com aspirações a guitarrista de banda roque&role rudioso q.b. As camisas XL de flanela aos quadrados caiam desgrenhadas até aos joelhos cirurgicamente à  mostra devido ao uso desumano que dava às calças de ganga. Nos pés trazia calçados uns Adidas Samba azuis. Perdi a conta a quantos pares iguais a esse comprei ao longo dessa década (seis, arrisco). Isto era a moda Primavera/Verão. No Outuno/Inverno, a  indumentária sofria alterações subtis nas extremidades corporais. Imaginem um gorro preto na carola, luvas azuis sem dedos enfiadas nas manápulas e nos pés, umas botifarras de agricultor compradas na Feira da Brandoa. Vem-vos à cabeça a imagem de um grunger maltrapilho? Concerteza que julgava aquele glamouroso guarda-roupa como a mais pura expressão de bom gosto. Tenham em conta a aspiração primordial do miúdo.
A possibilidade de gravar cassetes em fast-forward era o choque tecnológico do momento. O corropio de cassestes passadas entre amigos foi acelerado exponencialmente. Saía da escola, abancava em frente ao mini HI-FI e toca a sacar as letras, os acordes, os tiques vocais, as lições de inglês, enfim, o contacto com uma cultura nova a milhas de distância do Portugal dos pequeninos. Se não estava encafifado no meu quarto com posters até ao tecto, podiam encontrar-me em casa de um amigo endinheirado a ver a MTV. Era com os telediscos que sintonizava a minha postura à cultura anglo-saxónica. Mas nem só de imagens vive um puto. A incursão pela letras começou pelos quadradinhos da editora Abril Morumbi. Entre um número do Homem-Aranha e o Corvo do Luís Corvo, saltei de cabeça para a imprensa musical. A minha primeira vez foi numa terça-feira. Foi tormentosa, angustiada e intensa, como só uma manchete do unplugged de The Alice in Chains no Blitz podia ser.
Foi entre um episódio de X-Files e o Natal que recebi um discmam, facto que me tornou um chavalo cool, pelo menos até ao final do ano lectivo (a Apple ao criar mercadorias de design arrojado, cedo deu mostras de presciência. Num mundo tecnológico em constante mutação, o primeiro a comprar o gadget de última geração não é apenas um pioneiro. É muito mais do que isso. É a pessoa mais cool de um grupo de amigos em permanente comparação social. A evolução foi de grunger para geek? Pois, que mais podia ser?).
Mas a que propósito vem a frequência 107.2? Ora bem, um grunger não nasce grunger. Naftalina, A Hora do Cacete, Electricidade, Bónus da Cidade e Cidade by Night fizeram a primeira parte de um processo de iniciação musical. A Rádio Cidade,  acantonada numa praceta a uns metros da minha casa, era uma presença omnipresente. Se deus escolhesse a emissora mais eficaz para proselitar as massas, a Renascença seria preterida em favor da Cidade. Os jingles pungentes ecoavam no café, em casa, no táxi, no carro do pai; os autocolantes pretos e vermelhos da pior campanha do mundo até à data - A droga é uma merda - patrocinada pela Cidade figuravam em qualquer tipo de janelas; até chegaram a lançar CDs com compilações dos maiores êxitos do ano corrente. Este acto reflectido abriu a caixa de Pandora, de onde escapuliram os diabólicos Hit Parades. Mas na época, eu gostava. Era um desbloqueador de conversas no recreio, um pretexto para imitações toscas de brasileiros e um manancial da pop mais mastigada e digerida que há memória. O jingle da Naftelanina ainda hoje me entra no cérebro sem pedir licença. O da Electricidade arrepia-me.
A fase da revolta, pressão de pares e posterior apostasia à fé citadina foi um processo demasiado comum para merecer qualquer tipo de relevância blogueira. A revolução deverá ter rebentado com a compra dos primeiros Adidas Samba azuis.
Fica como nota de rodapé, o lançamento na passada quarta feira da Rádio Vodafone FM. Esta nova rádio pode ser ouvida em Lisboa na frequência 107.2 MHz. Uma frequência de memórias ambivalentes.

Angoulême 2011

Baru

O mais importante festival de BD da Europa vai decorrer durante quatro na cidade da Charente Marítima em França. Os destaques deste ano são as exposições dos Peanuts de Schulz e a obra de cariz social de Baru. Embora a produção francófona tenha um peso significativo na mostra, as propostas da BD oriental não foram descuradas. O Espace Mangasie e a exposição Hong Kong Stars são dois cartões de visita para o que se vai fazendo no continente asiático.

»» Qual é a opinião dos críticos? É esta.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors




No ar Paper Tigers, a décima primeira faixa de Script of the Bridge (1983), o álbum de estreia de The Chameleons.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Zeta Ophiuchi em fuga


Zeta Ophiuchi
Zeta Ophiuchi é o nome da estrela azul brilhante no centro da imagem. Para captar o astro foram necessáras 16 exposições individuais feitas entre 27 de Fevereiro e 7 de Março de 2010, a partir do telescópio da NASA Wide-Field Infrared Survey Explorer (WISE).
Quando o WISE capturou a imagem, Zeta Ophiuchi deslocava-se a 54,000 milhas por hora. Isto porque a estrela disparou quando explodiu como supernova.
Esta estrela vinte vezes maior do que o nosso sol, pode ser vista a olho nu em dias de céu limpo.

»» Esta e outras notícias deste género podem ser acompanhadas aqui.

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors



No ar o sétimo tema de Strange House, She is the New Thing. Para ver e ouvir The Horrors em 2007.

[W+D-d]TQ/MNa = Blue Monday

Clima e humor têm uma relação longínqua. Se o frio aperta e a chuva nos molha o cachaço, o espírito ressente-se. Se há uma nesga de sol para aquecer a malta, tudo fica jóia. O bom e velho senso comum lá foi sedimentando a mais velha correlação do mundo.

E se essa crença partilhada fosse quantificável? O psicólogo Cliff Arnall juntou umas quantas variáveis contextuais e disposicionais para chegar à cristalina fórmula [W+D-d]TQ/MNa. Passemos à descodificação. “C” representa o estado do clima,  “D” corresponde às dívidas adquiridas durante a época do Natal e que agora terão de ser pagas, “d” significa os custos monetários relativos ao mês de Janeiro, “T” é o tempo que passou desde o Natal. Já a letra “I” representa o intervalo de tempo desde a última tentativa falhada de abandonar um mau hábito. Lembram-se das clássicas promessas de fim de ano? Fazer mais desporto, desistir do tabaco, melhorar a alimentação? Pois bem, parece que o hábito die hard para a maioria de nós. Por fim, “M” são as motivações pessoais e “NA” a necessidade de fazer alguma coisa para mudar de vida.
Trocando as letras por números, [W+D-d]TQ/MNa = 24 de Janeiro = dia mais tristonho de 2011. O ano passado o zénite da tristeza calhou a 17 do mês. Arnall prefere que as pessoas usem este resultado como fonte de reflexão. Psicometrices da psicologia positiva à parte, vou usá-lo como pretexto para recordar a única segunda-feira melancólica que me alegra.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors




O pontapé de saída do Mano a Mano desta semana cabe a The Chameleons com a quarta faixa de Script of the Bridge (1983), Second Skin.

Mano a Mano II - The Chameleons + The Horrors

O Mano a Mano desta semana propõem o cruzamento de dois álbuns de estreia. Script of the Bridge (1983) e Strange House (2007) de The Chameleons e The Horrors, respectivamente. Para ver e ouvir nos próximos posts.


Quiz III - Se o BPN não for privatizado o que fazer aos balcões espalhados pelo país?


Uma nova semana aproxima-se e com ela vem o terceiro Quiz subordinado ao BPN. Melhor, ao futuro dos
seus balcões, caso o banco não seja privatizado. O tema é quente, mas as opções são escaldantes. Vejamos:

1. Transformá-los em agradáveis coffee-shops.
 
2. Criar uma rede de agências funerárias com o logo e cores semelhantes à Caixa, mas com o nome sugestivo de Caixão Geral de Defuntos.
 
3. Guarnecer com álcool, meninas em trapos minúsculos e som dos Ena Pá e esperar que incube um novo Maxime.
 
As hipóteses estão lançadas. As votações decorrem até ao próximo domingo dia 30.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Resultados do Quiz II - Que personalidade histórica colocarias de bom grado no Palácio de Bélem em vez de Cavaco?

D. Afonso Henriques sagra-se vencedor, mas à rasquinha

Enquanto Cavaco foi poupado a uma segunda volta, a escolha de D. Afonso Henriques para ectoplasma favorito para presidir à República Portuguesa mereceria um novo embate democrático. Afinal de contas, os 40%  que O Fundador amealhou, não lhe garantem uma autoridade inquestionável no desempenho das funções de mais alto magistrado da nação. Apesar do estilo trauliteiro (eu-contra-todos-mais-algum-castelhano-ou-mouro-que-se-me-atravesse-no-caminho) do candidato real, os pouco (mas bons) votantes neste Quiz acharam sensato colocar um monárquico em São Bento. Se isto não é descontentamento com o regime, então não sei o que é.
A supresa da noite está no segundo lugar. Pessoa e D. Sebastião são os protagonistas de um empate insólito. 30 é o valor percentual que cada um obteve individualmente. Bem, quanto a Pessoa a análise não é tão linear. Consta que beneficiou de um apoio alargado que juntou simpatizantes rurais de Caeiro, futuristas adeptos de Campos, apoiantes classicistas de Reis e adeptos do fragmentário Soares. Na realidade, eleitores do ortónimo foram meia dúzia.
O grande perdedor da noite foi D. Sebastião. O Desejado perdeu claramente o fulgor de outros tempos, mesmo que tenha beneficiado dos votos de leitores d'A Mensagem, para grande alegria ambivalente de Pessoa. O miúdo que foi dar uma volta a Alcácer-Quibir e nunca mais voltou, parece estar irremediavelmente relegado para um limbo onde habitam outras personagens esquecidas da história da carochinha, como o Estado Social, Manuel Alegre ou Bin Laden

48 Hour Film Project Lisboa



O desafio é simples: filmar a melhor curta-metragem possível em 48 horas. A competição terá lugar em Lisboa no fim-de-semana de 18 a 20 de Março. Cineastas intrépidos precisam-se aqui

As Cidades de Vieira da Silva e Arpad Szennes

"Rue de La Glacière" / Maria Helena Viera Silva / 1954 caneta de feltro e guache sobre papel 


Hoje foi o último dia para poder ver As Cidades de Vieira da Silva/Arpad Szennes. O Museu da Electricidade acolheu a exposição temporária, aberta ao público desde 3 de Dezembro do ano passado. Coube a José Manuel dos Santos escrever o texto que enquadrou a mostra. Sob o signo da troca, Santos sublinha

As cidades de Vieira são nervosas e rápidas. As de Arpad tornam-se calmas e lentas. Nas cidades de Arpad há a certeza que lhes dá dúvida. as cidades de Vieira fogem e as de Arpad regressam. As cidades dela são fruto do passado e as dele são o passado do futuro. As cidades de Vieira escrevem-se no espaço, porque o futuro, como sabem os arquitectos e os videntes, constrói-se em extensão. As cidades de Arpad inscrevem-se no tempo, porque o passado, como sabem os arqueólogos e os psicanalistas, desvenda-se em profundidade. É por isso que Vieria é a arquitecta-vidente das suas cidades e Arpad o arquéologo-psicanalista das cidades dele.

"Un jour de fête à Sienne " / Maria Helena Vieira  / 1950 tinta e guache sobre papel

Concurso Vídeo: Portugal 25 anos na UE em formato 10x15


Para mais informações sobre o concurso ver aqui.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A Dúvida


A Dúvida de S. Tomé, claustro inferior do Mosteiro de Santo Domingo de Silos, Burgos, 1085-1100
A figura no canto inferior esquerdo está a viver um momento marcante. Tomé, um empirista resoluto, toca naquele que morreu e sete dias mais tarde regressou à terra. Ver para crer é a máxima que norteia a sua aquisição de conhecimento.
Cristo, a figura alta e central dessa representação, ao dar-se a ver parece corroborar a posição epistemológica do discípulo. Mas com o seu aparecimento, o ressuscitado quer transmitir outra ideia: a fé não se alimenta de evidências. Felizes aqueles que crêem sem ter visto, lê-se algures no Evangelho de S. Mateus.
Nos séculos XI e XII a leitura não era uma actividade generalizada entre as populações. Assim, coube às representações dos Evangelhos uma manifesta função doutrinal. Os teólogos chamaram a si a escolha dos temas dos programas iconográficos que deviam representar uma teofonia, ou seja, a revelação de Deus. Os ensinamentos da Bíblia, lidos por uma minoria monástica, foram transpostos para imagens simbolicamente organizadas no espaço. Segundo Gombrich em The Story of Art, o claro predomínio da representação de ideias em relação à imitação da natureza permitiu ao artista

dispensar qualquer ilusão de espaço ou de acção dramática, ele podia arranjar as suas figuras e formas segundo linhas puramente ornamentais. A pintura estava, na verdade, no caminho de se tornar uma forma de escrita em quadros; mas este retorno aos métodos mais simplificados de representação deu ao artista da Idade Média uma nova liberdade para experimentar modos mais complexos de composição (composição = reunir ou juntar). Sem estes métodos, os ensinamentos da Igreja não poderiam nunca ter sido traduzidos em formas visíveis. (...) Foi esta libertação da necessidade de imitar o mundo natural que lhes permitiu comunicar a ideia do sobrenatural.
Não há imagens neutras, mesmo quando a sua natureza é conceptual.

mala voadora em formaton 10x15



No verso pode ler-se:

mala voadora
Quarta a Domingo às 21H30
A mala voadora é uma estrutura associada da Associação Zé dos Bois, ZDB. A mala voadora e a Associação Zé dos Bois são estruturas financiadas pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mano a Mano I - Kraftwerk + LCD Soundsystem



No ar Pocket Calculator, faixa número dois do álbum Computer World dos Kraft.

Terceira MUDA no ar


A magazine online MUDA acaba de lançar o seu terceiro número. Um projecto que anda à volta de propostas musicais e fotográficas para descobrir aqui.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mano a Mano I - Kraftwerk + LCD Soundsystem



No ar está Sound of Silver, a oitava faixa do segundo álbum dos LCD Soundsystem, Sound of Silver.

A Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação tem um novo sítio

Na verdade este post é um dois em um. A SOPCOM tem um novo sítio na rede. Esta é a primeira informação a veicular. A segunda diz respeito à disponibilidade online dos livros de resumos e notas bibliográficas  do I Encontro de Jovens Investigadores de Ciências da Comunicação que teve lugar no passado dia 7 de Janeiro na Universidade do Minho.

Deixo uma passagem do trabalho de Cláudio Ferreira intitulado Modelo de Desenvolvimento para uma Infografia Sustentável:

A infografia multimédia, por ser uma área recente e multidisciplinar (Borrás, 2000), constituída por profissionais mestiços (Cairo, 2004), carece de teorização metodológica. Tal facto deve-se às características intrínsecas da infografia. Por ser uma área essencialmente visual e gráfica é fácil de entender que grande parte do trabalho passa pelos Designers, que não obtêm ao longo da sua formação académica conhecimentos sobre processos de desenvolvimento infográfico. Os jornalistas, que são em menor número, têm formação em infografia, no entanto esta incide essencialmente na recolha e análise de informação, deixando a representação da
informação a cargo dos Designers (Cairo, 2004).

Mano a Mano I - Kraftwerk + LCD



Em visualização, a primeira faixa de Computer World dos Kraftwerk. Nome: Computer World.

Mano a Mano I - LCD + Kraftwerk

Se a actualidade dos Kraftwerk entra pelo ouvido dentro, a afirmação de LCD Soundsystem como uma das bandas mais influentes no novo século é consensual. Ao longo desta semana, propomos vídeos de temas de dois ábuns das bandas. Os Kraft fazem-se representar com o seu oitavo disco de estúdio, Computer World de 1981. Sound of Silver de 2007 é a proposta dos nova-iorquinos LCD.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O 13º membro


Quem nunca ouviu uma tirada como: "És mesmo um carneiro típico! Teimoso!" ou a mais conclusiva: "Ele nunca me enganou. Os gémeos têm duas faces!"? Mas se calhar o típico carneiro é afinal um nativo de peixes, enquanto que o gémeos com dupla face não passa de um touro com maior ou menor tendência para a raiva. Quem o sugere é Parke Kunkle, um astrónomo norte-americano que deu recentemente uma entrevista à NBC a defender uma alteração do zodíaco com a introdução de um décimo terceiro signo: o Serpentário (Ophiuchus). Segundo Kunkle, oscilações no eixo da Terra provocadas pela força gravitacional da Lua criaram um salto de um mês no alinhamento das estrelas. Estas lentas alterações operadas ao longo dos milénios, obrigam a rever as versões do calendário feitas antes da era cristã por astrónomos Babilónios.

Confusões entre astrólogos e astrónomos à parte, há uma questão mais terrena que se impõe: como se sente uma pessoa que sempre acreditou que era capricórnio e que afinal é sagitário? Vai partir a caneca com a imagem do seu signo que lhe ofereceram há uns anos atrás pelo seu aniversário? Ou seja, o que é que as pessoas que acreditam num conjunto de traços definidores da sua personalidade vão fazer com esta nova informação discrepante?

Para nos ajudar a responder a estas questões, entra em cena Leon Festinger. Este psicólogo social é autor da teoria da dissonância cognitiva. A sua teoria motivacional dá conta de um processo recorrente nos humanos: a auto-justificação. A maioria de nós sente que as suas convicções devem estar em consonância com o seu comportamento. Se acredito que o tabaco é prejudicial para a saúde, por exemplo, é provável que não fume. E se descobrirem que sou fumador? Porque este comportamento é inconsistente com a minha atitude sobre o tabaco, sentir-me-ia motivado a justifica-lo. A dissonância cognitiva é esse estado de tensão fisiológico que sucede sempre que um indivíduo tem duas ideias, atitudes ou opiniões psicologicamente inconsistentes. Como a coisa não é agradável, o que temos de fazer é reduzir esse estado. Mas como? Das duas uma: ou alteramos cognições de modo a harmonizá-las, ou adicionamos cognições que estabeleçam relações com as cognições originais. Peguemos nos signos. A Rita descobre que afinal não é capricórnio, mas sim sagitário. Toda a vida acreditou que era persistente, metódica e trabalhadora. Bolas! Na verdade, é intelectual, honesta e sincera. Há aqui uma inconsistência. A forma mais fácil de resolvê-la é aceitar a mudança (ou por na prateleira o horóscopo). No entanto, a Rita acredita que a sua identidade foi moldada pelo primeiro signo. Passa então ao contra-ataque: "de certeza que aquele astrónomo está a delirar! Há imensos exemplos na minha vida que comprovam que sou capricónio! Até a minha mãe o diz!". Pode igualmente argumentar que como os efeitos da mudança do eixo da terra são negligenciáveis para influenciar significativamente o alinhamento com o sol, a introdução de um novo signo é um exagero. Há aqui dois factores que são importantes: as crenças sobre a identidade individual são algo de inestimável e a teoria da dissonância cognitiva retrata as pessoas como seres peritos em racionalização. A Rita continuará a beber o café da manhã empunhando a sua caneca predilecta.

Quiz II - Que personalidade histórica colocarias de bom grado no Palácio de Belém em vez de Cavaco?

Em plena campanha para as presidencias, não quisemos deixar de fornecer um cabaz com três individualidades históricas lusas, de modo a que todos aqueles que não se revêem nos candidatos de carne e osso, e muito menos no pré-reeleito Cavaco, possam escolher o seu ectoplasma de estimação para presidir à nação. Os candidatos são:



















1. D. Sebastião: o miúdo que conheceu uma marroquina caliente em Alcácer-Quibir, compromete-se a tomar as rédeas do país do ponto em que o deixou.


















2. Fernando Pessoa: ou Alberto Caeiro, ou Ricardo Reis, ou Álvaro de Campos, ou às vezes Bernando Soares, compromete-se a ser ortónimo um par de vezes ao longo do mandato.





















3. D. Afonso Henriques: o rei que despachou o Complexo de Édipo (e por arrasto a mãe) à castanhada, compromete-se a aplicar igual remédio aos mercados e afins.

As urnas já estão disponíveis para votação. O acto eleitoral cessa daqui a uma semana.

Resultados do Quiz I - Se o FMI te bater à porta o que pensas fazer?


Fechadas as urnas virtuais é horas de apurar os votos. Antes de mais uma palavra aos votantes. Uma amostra significativa de amigos tiveram a paciência de clicar o número suficiente de vezes para proporcionar este singelo momento de escárnio. A todos esses o nosso obrigado. Para os restantes, um aviso: haverá decerto Quizs sobre as preferências de beldades para noites de pura luxúria. Fiquem atentos.

Agora venham os resultados. Em 3º lugar com nenhum voto ficou a hipótese 1 - Não penso, disparo! - a comprovar que Portugal ainda é uma nação de brandos costumes. Em 2º lugar com 33% dos votos ficou a hipótese 2 - Digo-lhes que a minha mamã não me deixa abrir a portas a estranhos. Mãe, eu não te disse que ia votar nesta algumas vezes para ficares feliz comigo? E por fim, o grande vencedor do Quiz inaugural deste blogue é a hipótese 3 - Convido-os a entrar para lhes explicar que já dei para aquele peditório - que arrecadou 66% do total da votação. Diálogo, moderação, calma, bem ao jeito do modo português suave.

Fecho o post com um anúncio: o Quiz II está a ser ultimado.É já, já a seguir.

A arte de pedir


Olho para o relógio. As cinco da tarde aproximam-se a passos largos. Do outro lado da rua há um café que o meu estômago aprova sem delongas. Lá dentro o estabelecimento é aprazível, acolhedor, quente. Encaminho-me até ao balcão, digo
Boa tarde
e recebo de volta
Boa tarde
Enquanto passo os olhos pelas garrafas em cima das prateleiras de madeira colocadas na parede atrás da minha interlocutora, sai-me um
Queria um café e um bom bocado se faz favor
para logo voltar para os rótulos, formas e cores das garrafas. Reparo que dos lábios recortados da minha jovem interlocutora pingam umas palavras cujo sentido não percebo. Tenho que focar toda a minha atenção sobre a sua face e juntar, a partir do desenho da sua boca, sílaba a sílaba do eco que ficou entre nós. Percebendo o meu embaraço repete
Queria ou ainda quer?
Quero é muito impositivo
disparo
É verdade. Mas não deixa de querer
riposta, para ao mesmo tempo me entregar o tabuleiro com um seco
É um euro e noventa cêntimos
Levo a mão ao bolso para tirar duas moedas pousadas sobre o vidro impecável do balcão. Esboço-lhe um sorriso devolvido com um
Até à próxima
Dirigo-me então para a única mesa vaga do estabelecimento esquecido das formas das garrafas.

domingo, 16 de janeiro de 2011

História com imagens

Adão e Eva após o Pecado Original, portas em Bronze da Catedral de Hildesheim, Bispo Bernward c. 1015
Por estes dias, tenho andado de volta do livro de E. H. Gombrich, The Story of Art (Phaidon Press, 1995). Em vez de soterrar o leitor com um corropio de datas, épocas, cânones, Gombrich guia-nos magistralmente pelas salas do museu que construiu ao longo da sua carreira de historiador. A sua erudição e a clareza, tornam a leitura da obra obrigatória para quem se interroga sobre a experiência artística e não saiba muito bem por onde começar. Por todo o livro perpassa um elemento orientador: que para melhor apreendermos as obras de arte, as devemos conceptualizar como criações humanas localizadas no espaço e no tempo. Com isto quero dizer que as soluções a que os artistas chegaram para harmonizar as partes num todo, não são apenas fruto das suas competências técnicas e imaginativas, mas também das crenças partilhadas do seu tempo. Numa tentativa de clarificar os elementos definidores de um estilo ou de uma época, o austríaco naturalizado inglês, estabelece paralelos entre obras, contrasta ideias de diferentes povos sobre a finalidade da arte, enfim, legenda esta primordial tendência humana para representar o mundo.

Mas porque fui buscar a imagem de Adão e Eva? Há primeira vista, o conjunto não parece muito gracioso. As quatro personagens, destacadas sobre um fundo tosco, são retratadas de forma rígida. Conclusão: isto não nos encanta. É precisamente aqui, que Gombrich vem em nosso auxílio com uma pista crucial para um novo entendimento da obra:

"Lembremo-nos do ensinamento de S. Gregório, o Grande, segundo o qual "a pintura é para analfabetos aquilo que os livros são para os que sabem ler." 

Agora tudo faz mais sentido. Esqueçamos a desproporção e a fealdade das figuras. Os nossos critérios não são importantes neste momento. O que realmente importa é concentrar a atenção naquilo que Deus fez a Adão e Eva após o Pecado Original. Se lermos o painel da esquerda para a direita, da mesma maneira que um crente o faria na igreja de Hildesheim na Alemanha há mil anos atrás, conseguimos acompanhar, a par e passo, a estória bíblica: Deus aponta para Adão, este para Eva, que por último, culpa a serpente. A origem do pecado é-nos relatada com uma clareza impressionante - sem qualquer palavra escrita tivemos acesso a um episódio marcante do Génesis.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Fifty Fifty em formato 10x15


No verso do postal pode ler-se o seguinte:

+ Igualdade entre mulheres e homens no trabalho, no emprego e na formação profissional;
+ Conciliação no emprego e na formação profissional;
+ Parentalidade partilhada.

São os votos de mudança comportamental da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Presidencias 2011 - Os Logos


Calma, devagar. Não é um momento de propaganda alegrista, nem tão pouco de análise política às eleições para a Presidência da República. Em vez de escrutinar as propostas que os candidatos trazem para o debate político, colocamos na berlinda os seus logos. Eu voto na esfera armilar do Alegre.

As 61 - Recordar António Sérgio

Em 2011, o radialista António Sérgio faria 61 anos. A voz que divulgou, nas últimas décadas em Portugal, uma infinidade de bandas, faleceu a 1 de Novembro de 2009. Contava 59 anos.
"Viriato 25" foi o último programa radiofónico que levou para o ar, na Rádio Radar.
Sérgio estreou-se nas ondas FM em 1977 na Renascença com o programa "Rotação". "Som da Frente", "Lancha-Chamas" e a "Hora do Lobo" foram os seus programas mais emblemáticos.
Durante o dia de hoje, a Radar recorda o comunicador com uma emissão recheada de actuações ao vivo. Do alinhamento constam nomes como Noiserv, Cool Hipnoise e Pop Dell'Arte. A partir das 20 horas, o tributo prosseguirá no Cinema São Jorge, onde terá lugar o concerto "Pelo Direito à Diferença". As actuações ao vivo ficam a cargo de Dead Combo, Os Golpes, Linda Martini, Peste & Sida, Moonspell e Xutos & Pontapés.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Culturgest em formato 10x15

A publicidade disputa constantemente a nossa atenção. Em andanças pela cidade, reparo que os outdoors com anúncios a xaropes e afins anti-gripais pululam. A confiar nos seus poderes milagreiros os espirros e resfriados ficam à porta este ano (tarde demais para mim).

Todavia, há outro tipo de publicidade. Uma modalidade mais insidiosa, mas nem por isso menos eficaz. Pé ante pé, chega-nos à mão, começa por marcar um livro que estejamos a ler e acaba em cima da secretária junto ao computador. É neste ponto que as coisas ficam interessantes. Fixo a minha atenção no conteúdo do agente encapotado e dou de caras com a programação para Janeiro da Culturgest. Fico a saber que há um ou dois espectáculos que me interessam.

God Bless Jack actua amanhã na Fábrica do Braço de Prata

É já amanhã, dia 14 de Janeiro, que os God Bless Jack actuam na Fábrica do Braço de Prata em Lisboa. O showcase que servirá para divulgar o seu primeiro registo de orignais, Silk, deverá começar pelas 23 horas na sala Visconti.
Assumidamente pop, o universo musical desta banda lisboeta expande-se, ainda que a espaços, para territórios funk e soul. Enfim, música descontraída e despretensiosa para aquecer o serão de amanhã.

»» God Bless Jack no Myspace.

CES 2011 ou Consumer Electronic Show para os amigos


O CES é um certame tecnológico mundial que decorre todos os anos em Las Vegas, onde se dá a conhecer um leque cada vez mais vasto de produtos electrónicos. O meu foco de atenção centra-se nas máquinas de filmar em 3D. A avaliar pela informação que corre pela rede, há modelos com sistemas para todos os gostos: desde aqueles que usam lentes ou sensores gémeos até às estruturas duais de lentes. Ficam duas imagens de um modelo da JVC, a HD EVERIO HZ-TD1:




Universo tem um novo retrato


A mais recente fotografia digital do Universo tem uma resolução superior a um trilião de píxeis. Para criar esta imensa imagem foi necessária uma câmara digital com 138 megapíxeis acoplada a um telescópio com 2,5 metros montado no Apache Point Observatory no Novo México.
O principal objectivo deste gigantesco retrato é tentar desvendar o maior engima da cosmologia: descobrir as causas que estão a provocar a aceleração da expansão do Universo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Primo distante da BD

O Livro dos Mortos, Tribunal de Osíris, encontrado num túmulo egípcio, c. 1285 a. C.
Embora o título sugira uma evolução dentro do género da banda desenhada, a intenção é sublinhar as semelhanças e as diferenças das soluções encontradas pelos artistas para contarem histórias. O percurso da BD enquanto género tem sido árduo. Importando elementos de outras artes - o cinema, a ilustração, a literatura - na sua matriz para construir uma identidade, ainda é vista como uma espécie de literatura menor ilustrada. Talvez o problema da afirmação identidária da BD passe por uma crença infundada da impossibilidade de associar a palavra com o desenho para dar corpo a narrativas. Mas porque não fazê-lo?
A figura em cima retrata um julgamento que ainda faz eco no imaginário religioso actual. Após a morte, a alma comparece no tribunal de Osíris, o primeiro rei-deus a governar o Egipto. Este encontra-se sentado no trono, ladeado por Ísis, sua esposa. Enquanto o defunto se confessa, o seu coração é pesado. Quem dá conta do resultado da pesagem é Tot, deus da sabedoria. Se o coração for mais pesado que uma pena de avestruz, o defunto será devorado por uma espécie crocodilo mutante acocorado junto à balança. A vida eterna depende de um coração leve. Leve como uma pena.
A gravura ajuda a compreender o problema da morte na civilização egípcia, bem como o principal objectivo artístico no Antigo Egipto: assegurar o bem estar da alma após a morte. Este último ponto relaciona-se de muito perto com a relação entre a crença da imortalidade da alma e a construção de pirâmides para os Faraós, encarnações de deuses na terra.
Mas há uma coisa que me interessa mais neste momento. Esta gravura está inserida no Livro dos Mortos. Como podem reparar facilmente há hieróglifos por cima das cabeças das personagens desta história. É certo que não sei lê-los, nem tão pouco quero sugerir que funcionem como balões de conversação. No entanto, com um conhecimento mínimo do contexto e das personagens, facilmente vimos o desenrolar de uma estória, com poder suficiente para prender a nossa atenção.

Tinta nos Nervos


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BD Portuguesa no Museu Colecção Berardo

Para um lisboeta amante de BD, o circuito mais institucional de divulgação deste género tem dois faróis obrigatórios: o Festival Internacional de BD da Amadora e a Bedeteca dos Lisboa.
Mas 2011 abriu com uma supresa agradável. O Museu Colecção Berardo acolhe até 27 de Março uma mostra totalmente dedicada à banda desenhada portuguesa. O nome da exposição é Tinta nos Nervos e foi inaugurada ontem. Pedro Viera de Moura, o comissário da exposição explica desta forma o sentido do título:

"As sensações que estes trabalhos provocam, as noções que eles fazem vibrar e questionar, a verve com que se impõem face a uma atitude mais consolidada - mas não por isso mais forte - sobre a banda desenhada, fazem-nos acreditar que a tinta que nos lançarão nos nervos nos fará ficar mais alertas, abrangentes e exigentes com esta arte, tão velha e já familiar quanto nova e ainda estranha."

Tinta nos Nervos é composta por cerca de 600 originais de 41 artistas de várias gerações, com estilos e abordagens totalmente díspares. O possível denominador comum a todos estes criadores, para além da nacionalidade e do veículo de expressão, é a noção de obra de autor. Os trabalhos expostos reflectem o seu mundo e as suas escolhas estéticas individuais, em nítido constrante com a tradição comics americana, por exemplo, mais centrada no percurso do herói. Aqui as personagens são muitas vezes anti-heróis, os fios narrativos adensam-se ou descambam num discurso mais existencial, o mundo urbano e os seus temas fracturantes são retrados com um humor de travo negro, as escolhas nas composição e organização do espaço nem sempre são tradicionais. Há claramente um ganho na diversidade estética apresentada ao espectador.
Mas há mais pontos de interesse. Ao lado de artistas contemporâneos com carreiras mais ou menos conhecidas do público luso - José Carlos Fernandes, Miguel Richa, João Fazenda ou Victor Mesquita - figuram os nomes de dois histórios: Rafael Bordalo Pinheiro e Carlos Botelho.
Para além de tudo isto, ainda há tempo para piscar o olho à animação e a trabalhos paralelos desenvolvidos pelos artistas.
Esta é a primeira exposição sobre BD que o Museu Colecção Berardo acolhe.

DVD grátis de Radiohead

Com o aval da banda, o DVD do concerto dos Radiohead tocado em Janeiro do ano passado para apoiar o povo haitiano, pode ser descarregado gratuitamente e de forma legal a partir deste link.
As capas do DVD e o seu respectivo grafismo foram concebidas por fãs.
Os fãs que estiveram interessados, podem fazer um donativo à Oxfam, uma instituição que visa a reconstrução do Haiti.

As filmagens integrais do DVD também já circulam no Youtube.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Wikipédia faz dez anos

Para qualquer pessoa com acesso à internet, pesquisar na Wiki é recorrente. Termos técnicos, temas históricos, personalidades, datas, fórmulas, modelos de máquinas fotográficas são uns poucos exemplos do que a galáxia Wiki abarca. Esta imensa rede de ligações online vem sendo construída com o apoio de editores voluntários, donativos e financiamento público, estando disponível em 270 línguas. Desde 2003, a Wiki é gerida pela Wikimedia Foundation, uma entidade sem fins lucrativos. Mas como tudo começou? A 15 de Janeiro de 2001, o empresário Jimmy Wales e o filósofo Larry Sanger lançaram a Wikipédia que utiliza a tecnologia wiki (que significa "rápido" em havaiano) desenvolvida pelo informático Howard Cunningham. A Nupédia foi a primeira tentativa dos dois fundadores de colocar em rede uma enciclopédia, mas a estrutura era demasiado lenta. Quando à Nupedia foi acrescentada a tecnologia wiki, a Wikipédia descolou.

Passada uma década, a pergunta óbvia que vem à tona é: o que trouxe a Wikipédia de novo? A resposta poderá passar por uma tentativa de clarificação da sua natureza e virtualidades. Por irónico que possa parecer, a Wiki dá uma boa definição de si própria, mesmo que seja pela negativa, em What Wikipedia is not. Podemos apontar duas ou três virtualidades desta galáxia conceptual: o carácter experimental do projecto, a extensão temática alimentada por uma massa de editores em constante avaliação e a economia de tempo em pesquisas preliminares com a ajuda da funcionalidade hiperlink. Todo este pacote gratuito está envolvido num espírito comunitário, de partilha e edição de conteúdos e informações que em si mesmo é revolucionário.
Um ponto de discórdia neste balanço é a exactidão dos conteúdos veiculados. Para tentar responder a essa questão, em 2005 a Nature comparou a Wikipedia com a enciclopédia Britannica. A partir de 42 artigos examinados por especialistas, apurou-se que uma entrada científica padrão na Wiki contem quatro erros ou omissões, enquanto que na Britannica três. Os oito erros graves - más interpretações de conceitos importantes - detectados pelos especialistas, repartiram-se em partes iguais pelos dois concorrentes, ou seja, quatro para cada lado. Com base nestes resultados, a Nature concluiu que a Wikipedia era tão fidedigna como a Britannica. Embora a exactidão dos temas humanísticos ficassem um pouco abaixo na primeira.

Será que Diderot rejubila no além? Afinal a essência do projecto enciclopédico dos Iluministas franceses parece continuar vivo e de boa sáude, ou seja, mantêm-se o esforço de recolha sistemática de todo o saber fragmentado no mundo, no sentido de transmiti-lo aos homens.
E em Portugal? Como se tem processado a evolução do projecto? Pelo menos parcialmente descendente, a avaliar pela diminuição do número de editores lusos.

Camera Work + 50 Photographers You Should Know


Para os interessados no mundo dos fotógrafos, deixo aqui dois links publicados há dois anos atrás: