No More Takes: BD Portuguesa no Museu Colecção Berardo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

BD Portuguesa no Museu Colecção Berardo

Para um lisboeta amante de BD, o circuito mais institucional de divulgação deste género tem dois faróis obrigatórios: o Festival Internacional de BD da Amadora e a Bedeteca dos Lisboa.
Mas 2011 abriu com uma supresa agradável. O Museu Colecção Berardo acolhe até 27 de Março uma mostra totalmente dedicada à banda desenhada portuguesa. O nome da exposição é Tinta nos Nervos e foi inaugurada ontem. Pedro Viera de Moura, o comissário da exposição explica desta forma o sentido do título:

"As sensações que estes trabalhos provocam, as noções que eles fazem vibrar e questionar, a verve com que se impõem face a uma atitude mais consolidada - mas não por isso mais forte - sobre a banda desenhada, fazem-nos acreditar que a tinta que nos lançarão nos nervos nos fará ficar mais alertas, abrangentes e exigentes com esta arte, tão velha e já familiar quanto nova e ainda estranha."

Tinta nos Nervos é composta por cerca de 600 originais de 41 artistas de várias gerações, com estilos e abordagens totalmente díspares. O possível denominador comum a todos estes criadores, para além da nacionalidade e do veículo de expressão, é a noção de obra de autor. Os trabalhos expostos reflectem o seu mundo e as suas escolhas estéticas individuais, em nítido constrante com a tradição comics americana, por exemplo, mais centrada no percurso do herói. Aqui as personagens são muitas vezes anti-heróis, os fios narrativos adensam-se ou descambam num discurso mais existencial, o mundo urbano e os seus temas fracturantes são retrados com um humor de travo negro, as escolhas nas composição e organização do espaço nem sempre são tradicionais. Há claramente um ganho na diversidade estética apresentada ao espectador.
Mas há mais pontos de interesse. Ao lado de artistas contemporâneos com carreiras mais ou menos conhecidas do público luso - José Carlos Fernandes, Miguel Richa, João Fazenda ou Victor Mesquita - figuram os nomes de dois histórios: Rafael Bordalo Pinheiro e Carlos Botelho.
Para além de tudo isto, ainda há tempo para piscar o olho à animação e a trabalhos paralelos desenvolvidos pelos artistas.
Esta é a primeira exposição sobre BD que o Museu Colecção Berardo acolhe.

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