Os anúncios de mortes antecipadas fazem-me rir. Embora o aparato retórico explique a lógica de confronto que vamos vendo pelos media, a aceleração digital trouxe consigo uma infinidade de novos suportes que incitam essa nossa inevitável necessidade de comparar. O futuro do livro foi (e é) das primeiras coisas a ser discutido. Mas nem mesmo a rede escapou a vaticínios negros, como procalmou a WIRED. Os duelos de vida ou morte também se generalizam a tecnologias mais recentes, como o Ipad versus Kindle. E o velhinho vinil? Esse foi morto e enterrado pelo Nano da Apple, dizem. Ou talvez não. A razão deste prelúdio é colocar esta questão: e quando os objectos têm história? Ou melhor, o que sucede aos objectos com uma identidade?
O radiofonista Joaquim Paulo tem uma resposta possível para questão. Para o caso, a sua estória começa em 2008 quando organizou para a editora alemã Taschen o livro Jazz Covers, que foi premiado com o Prix du Livre da Academia Francesa de Jazz.
Em 2011 regressa com uma nova proposta, Funk & Soul Covers, um volume de 400 e muitas páginas mais um bónus: um disco de 7 polegadas. E pelos vistos não vai ficar por aqui. Um terceiro volume dedicado ao Brazil - bossa nova e tropicalismo à mistura - avizinha-se para breve.
No árdua tarefa de selecção das capas, Joaquim Paulo priviligiou o seu gosto pessoal enquadrado por factores que conectam os discos, como as editoras e os fotógrafos. Em relação a editoras, dois nomes saltam à vista: a Motown e a Stax. Mas a escolha extendeu-se a outras paragens, como a inclusão do nigeriano Fela Kuti, um expoente do afro-punk dos 70s. Para perspectivar o fenómeno musical, foram incluídos no livro tops de discos feitos por convidados e entrevistas com figuras mais ou menos históricas. Esta amálgama ajuda a entender a música como algo mais do que uma sequência de notas; a par do som há sempre imagens e conceitos que criam uma forma de estar no mundo, ou seja, uma identidade.
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