No More Takes: A Wikipédia faz dez anos

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Wikipédia faz dez anos

Para qualquer pessoa com acesso à internet, pesquisar na Wiki é recorrente. Termos técnicos, temas históricos, personalidades, datas, fórmulas, modelos de máquinas fotográficas são uns poucos exemplos do que a galáxia Wiki abarca. Esta imensa rede de ligações online vem sendo construída com o apoio de editores voluntários, donativos e financiamento público, estando disponível em 270 línguas. Desde 2003, a Wiki é gerida pela Wikimedia Foundation, uma entidade sem fins lucrativos. Mas como tudo começou? A 15 de Janeiro de 2001, o empresário Jimmy Wales e o filósofo Larry Sanger lançaram a Wikipédia que utiliza a tecnologia wiki (que significa "rápido" em havaiano) desenvolvida pelo informático Howard Cunningham. A Nupédia foi a primeira tentativa dos dois fundadores de colocar em rede uma enciclopédia, mas a estrutura era demasiado lenta. Quando à Nupedia foi acrescentada a tecnologia wiki, a Wikipédia descolou.

Passada uma década, a pergunta óbvia que vem à tona é: o que trouxe a Wikipédia de novo? A resposta poderá passar por uma tentativa de clarificação da sua natureza e virtualidades. Por irónico que possa parecer, a Wiki dá uma boa definição de si própria, mesmo que seja pela negativa, em What Wikipedia is not. Podemos apontar duas ou três virtualidades desta galáxia conceptual: o carácter experimental do projecto, a extensão temática alimentada por uma massa de editores em constante avaliação e a economia de tempo em pesquisas preliminares com a ajuda da funcionalidade hiperlink. Todo este pacote gratuito está envolvido num espírito comunitário, de partilha e edição de conteúdos e informações que em si mesmo é revolucionário.
Um ponto de discórdia neste balanço é a exactidão dos conteúdos veiculados. Para tentar responder a essa questão, em 2005 a Nature comparou a Wikipedia com a enciclopédia Britannica. A partir de 42 artigos examinados por especialistas, apurou-se que uma entrada científica padrão na Wiki contem quatro erros ou omissões, enquanto que na Britannica três. Os oito erros graves - más interpretações de conceitos importantes - detectados pelos especialistas, repartiram-se em partes iguais pelos dois concorrentes, ou seja, quatro para cada lado. Com base nestes resultados, a Nature concluiu que a Wikipedia era tão fidedigna como a Britannica. Embora a exactidão dos temas humanísticos ficassem um pouco abaixo na primeira.

Será que Diderot rejubila no além? Afinal a essência do projecto enciclopédico dos Iluministas franceses parece continuar vivo e de boa sáude, ou seja, mantêm-se o esforço de recolha sistemática de todo o saber fragmentado no mundo, no sentido de transmiti-lo aos homens.
E em Portugal? Como se tem processado a evolução do projecto? Pelo menos parcialmente descendente, a avaliar pela diminuição do número de editores lusos.

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