
Passada uma década, a pergunta óbvia que vem à tona é: o que trouxe a Wikipédia de novo? A resposta poderá passar por uma tentativa de clarificação da sua natureza e virtualidades. Por irónico que possa parecer, a Wiki dá uma boa definição de si própria, mesmo que seja pela negativa, em What Wikipedia is not. Podemos apontar duas ou três virtualidades desta galáxia conceptual: o carácter experimental do projecto, a extensão temática alimentada por uma massa de editores em constante avaliação e a economia de tempo em pesquisas preliminares com a ajuda da funcionalidade hiperlink. Todo este pacote gratuito está envolvido num espírito comunitário, de partilha e edição de conteúdos e informações que em si mesmo é revolucionário.
Um ponto de discórdia neste balanço é a exactidão dos conteúdos veiculados. Para tentar responder a essa questão, em 2005 a Nature comparou a Wikipedia com a enciclopédia Britannica. A partir de 42 artigos examinados por especialistas, apurou-se que uma entrada científica padrão na Wiki contem quatro erros ou omissões, enquanto que na Britannica três. Os oito erros graves - más interpretações de conceitos importantes - detectados pelos especialistas, repartiram-se em partes iguais pelos dois concorrentes, ou seja, quatro para cada lado. Com base nestes resultados, a Nature concluiu que a Wikipedia era tão fidedigna como a Britannica. Embora a exactidão dos temas humanísticos ficassem um pouco abaixo na primeira.
Será que Diderot rejubila no além? Afinal a essência do projecto enciclopédico dos Iluministas franceses parece continuar vivo e de boa sáude, ou seja, mantêm-se o esforço de recolha sistemática de todo o saber fragmentado no mundo, no sentido de transmiti-lo aos homens.
E em Portugal? Como se tem processado a evolução do projecto? Pelo menos parcialmente descendente, a avaliar pela diminuição do número de editores lusos.
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