Desenho do colículo superior de um pardal da autoria de Ramón y Cajal |
O jovem Santiago Rámon y Cajal queria ser artista, mas o pai Justo, professor de Anatomia na Universidade de Saragoça, tinha outros planos para ele. Não frustando as expectativas do pai, segue as suas pisadas e licencia-se em Medicina em 1873 em Saragoça. Dois anos depois torna-se assistente da Faculdade.
Rámon y Cajal ficará para a história como o vencedor do Prémio Nobel da Medicina (ou se preferirem de Fisiologia) em 1906. Aliás, nesse ano o prémio foi repartido. Um outro gigante da ciência foi também agraciado. O seu nome é Camillo Golgi.
Nos anos que precederam a atribuição do prémio, as duas personalidades tiveram um intenso debate científico sobre a estrutura do sistema nervoso. Cajal defendeu uma posição descontínua da estrutura do sistema nervoso, cuja unidade funcional seria o neurónio. Já Golgi era partidário de uma teoria reticularista que pressuponha uma teia que interligava o tecido nervoso, à semelhança das células do sistema circulatório.
Golgi utilizou uma técnica por ele inventada - método de Golgi ou por solução de cromato de prata - para alicerçar a sua posição. Graças a essa técnica conseguiu escurecer as células nervosas, o que constituiu um passo decisivo para compreender a estrutura do neurónio. Ironicamente, Cajal, utilizando a mesma técnica viu outra coisa. Viu que a unidade funcional do sistema nervoso é o neurónio. Mas não se ficou por aqui. Defendeu que a comunicação entre neurónios se fazia por intermédio de uma ligação especial: a sinapse.
O impasse só foi solucionado, a favor de Cajal, com a invenção da microcopia electrónica e a descoberta da membrana plasmática que delimita as células nervosas.
Pelo meio da pesquisa dos alicerces da estrutura cerebral, Cajal usou as suas habilidades de desenhador para registar o mundo neurológico que ia observando. Afinal a troca dos lápis pelo bisturi não foi permanente.
Sem comentários:
Enviar um comentário