No More Takes: "Slow media" com a XXI

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Slow media" com a XXI

Revista XXI
A proliferação constante de imagens e informações é a estrada de sentido único, através da qual o jornalismo contemporâneo acelarará na década que entra. A esta lógica de espontaneidade acresce a transferência inevitável para o digital. Pelo meio, os moldes económicos do negócio da notícias continuarão a ser redefinidos, a par e passo, com os da publicidade. 
O último parágrafo cristaliza um raciocínio com elevado valor preditivo, certo? Sim, e não. Mas não porquê? O Courrier Internacional do mês passado recupera um artigo do Jornal Le Courrier de Genève sobre a 4ª Conferência Internacional de Jornalismo,que decorreu em Estrasburgo de 16 a 18 de Novembro, onde a classe colocou, a si mesma, uma questão primoridal: o que andamos a produzir é barulho ou informação? O presidente do encontro, Jéròme Bouvier, coloca o dedo na ferida ao afirmar que o imediatismo, não só prejudica a qualidade da produção jornalística, como põe em causa a própria existência da profissão. Ao fim ao cabo, sem tempo para processar os dados e estabelecer ligações, a tarefa mediadora do jornalista cai por terra. 
Mas há alternativas palpáveis. Numa espécie de regresso aos fundamentos do jornalismo, a revista francesa XXI, gere os seus conteúdos informacionais de modo lento, com um cuidado apurado na edição. Lançada em 2008 e, desde então, sem qualquer página de publicidade, a revista apostou  nas grandes reportagens - textos, desenhos, fotos e banda desenhada. É possível adquiri-la nas bancas ou por assinatura por 15 euros. O modelo de negócio, totalamente assente nas receitas de venda, funciona com sucesso deste o primeiro mês. Em média, 52 mil exemplares são vendidos mensalmente. Para fechar este exemplo contra-corrente, transcrevo as palavras de Patrick de Saint-Exupéry, director da publicação e seu cofundador, sobre papel do jornalista:
A imprensa que era artesanal, tornou-se uma indústria quase mecânica. Aos jornalistas foi entregue o papel de técnicos de informação, em detrimento da legitimidade da sua função primordial: dar notícias.

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