Susana Campo, "Regard". Un certain Gérard, 2001 |
Morreu este sábado em Paris Gérard Castello-Lopes, fotógrafo e distribuidor de cinema. Contava 85 anos. O fotógrafo nasceu em Vichy em 1925 e formou-se em Economia no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.
Em 1955, ao mesmo tempo que tira um curso de escafandrismo em França, começa a registar fotograficamente o fundo do mar. Do registo do universo marinho para o terreste foi um passo. A sua formação fotográfica ficou marcada pelo autodidactismo, socorrendo-se de revistas estrangeiras da especialidade.
A sua obra tem dois períodos separados por um longo interregno: a primeira fase desenrola-se na década de 50, já a segunda decorre nos oitentas. Para além da actividade propriamente dita, dedicou-se à crítica fotográfica, chegando mesmo a publicar pela Assírio & Alvim um livro intitulado Reflexões sobre Fotografia Eu, A Fotografia, Os Outros.
Nesse volume de 2004, Castello-Lopes escreve o seguinte sobre o estatuto do fotógrafo:
(...) entendo que um fotógrado idóneo pode fotografar tudo o que for coerente com o seu estatuto. Porque, ao fim e ao cabo, a autoridade final sobre o que é moralmente lícito fotografar, é do próprio fotógrafo. Não é fotógrafo quem quer; o ofício de representar o mundo exige uma forma de austeridade e de rigor justificativa da "transgressão" que constitui, na sua essência, o acto de representar. Representar é da ordem do transcendente, o que confere à fotografia o estatuto dum sacerdócio. O fotógrafo deve estar sempre acima de qualquer suspeita. Parafraseando o velho aforismo: em fotografia o que parece é, mas este parecer e este ser reflectem menos o teor da imagem em causa do que o recato, a humildade e o rigor de quem a registou.Quem tiver interesse em conhecer um pouco melhor a obra e o percurso de Castello-Lopes, pode fazê-lo clicando aqui ou aqui.
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